11.8.11

"PORQUE EU SOU DO TAMANHO DO QUE VEJO"



O dia amanhecera com chuva e frio. A Mulher tomou um banho quente, levou o pequeno-almoço ao filho, deu-lhe a roupa preparada no dia anterior e depois de colocados todos os acessórios, saíram.
Debaixo de um céu cinza, entrou na cidade. Tem minutos nas mãos e caminha no sentido oposto ao lugar onde deve estar às nove horas. As montras têm roupas bonitas e os edifícios seculares deixam adivinhar conforto.
Mas à mudança da paisagem reage com tristeza e medo. Sente o desconforto do costume, longe do lugar onde o espaço se vê e sente, onde se ouvem os grilos, e as árvores falam com o vento.
À entrada da cidade, apesar de continuar a chover, desenhou-se um arco-íris. Foi como se as cores ténues lhe pusessem a mão no ombro.
Está de passagem. Nasceu no edifício defronte, mas pátria se a tem, é no terraço à beira do pinhal, na encosta do monte. Por lá se queda, contrariando qualquer possibilidade de estar no contexto urbanístico e contemporâneo, o do fresco espírito da inovação. Aos trinta anos aproximou-se do mar e do campo, para fora do ruído de máquinas e homens e dos grandes blocos contentores/bloqueadores do olhar e do espaço. Desconhece a urbe que a viu nascer.