Aprendo a gostar de envelhecer, como aprendi a gostar de ervilhas, favas
e feijão. É o sabor doce e farto que sacia e se queda na digestão lenta, num
parar enfartado mas satisfeito.
Sinto alívio porque já passei, e orgulho em cada ruga e cabelo branco,
dos olhos sublinhados pela cor cinza de um descanso jamais alcançado.
Vou a meio. Já sem o medo de
falhar, sem a pretensão de ser ouvida, de ser um nome, de ter estatuto. Sinto-me
um niquinho acima, perdoem-me, dos que não vivem neste lugar, não fazem
escultura, não desenham, e não se rodeiam desta beleza tão imperfeita que é a família.